Projeto ensina pessoas com síndrome de Down a atuar no mundo da beleza
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ROBERTO DE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Cabelo tipo Chanel, óculos moderninhos, Bárbara Sagula espia, por cima da
armação, dedos deslizarem sobre cabelos longos, o secador revirar mechas, pentes
e escovas remodelarem penteados. Presta atenção às clientes.
São quase 18h e o salão Blend, no Itaim Bibi (na zona oeste de São Paulo),
está agitado. Bárbara também.
"A pior experiência do curso que estou fazendo foi ter que lavar os cabelos
de uma boneca", diz, séria, para emendar com um sorriso: "Prefiro a cabeça do
Rodrigo", conta, referindo-se a um dos instrutores, Rodrigo Nóbrega.
Bárbara, 30, e outros 11 estudantes de 17 a 47 anos fazem parte do "Beleza em
Todas as Suas Formas", que capacita pessoas com síndrome de Down para atuar como
auxiliares em salão de beleza.
O projeto começou no início deste ano com uma equipe multidisciplinar que se
debruçou sobre o seguinte tema: o que é belo?
Pessoas com síndrome de Down no mundo da beleza
Fabio Braga/Folhapress
Grupo de pessoas com Síndrome de Down participam de
treinamento em salão de cabeleireiro para atuar como ajudantes e
atendentes
"O primeiro passo foi desconstruir os conceitos preestabelecidos pelo mercado
da moda", explica Kátia Coutinho, diretora da Alfaparf Group, empresa de
cosméticos italiana que, ao lado do Instituto Meta Social, desenvolve o
trabalho.
Um dia na semana, eles passam por aulas práticas e teóricas por quatro horas
e meia. Cartoons ajudam a construir diferentes situações vivida num salão de
beleza.
Por meio deles, os estudantes aprendem tarefas como sentar direito,
locomover-se, atender um cliente, lavar a cabeça de uma madame, deixar a mesa do
cabeleireiro arrumada e limpa etc.
A primeira turma se forma em dezembro. Hoje, seis estudantes paulistanos
terminam mais uma maratona: ajudar cabeleireiros a fazer a cabeça de modelos na
Beauty Fair, em São Paulo.
Para o ano que vem, a meta é capacitar 156 alunos com deficiência intelectual
em cinco capitais (mais informações em belezaprojeto.org).
"A gente sabe que pode haver rejeição. O curso inclui vivência no salão, onde
simulamos uma série de situações nas quais a cliente não quer ser atendida",
explica o cabeleireiro Roberto Martins, 50.
Mãe de uma menina com síndrome de Down e integrante do projeto, a psicóloga
Andréa Barbi, 43, explica que os alunos enfrentam situações reais de rejeição e
preconceito. "Confie em suas potencialidades", ensina.
Mônica Helena Babbi, 44, uma das alunas, trabalhou dois anos num salão no
Morumbi. Diz não se importar em lavar cabelo, do tipo que for. "Só fico muito
triste em ainda ter que lidar com o preconceito."
Fonte:
Site do Projeto
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