O censo demográfico de 2010 revelou que a zona leste de São Paulo tem aproximadamente quatro milhões de habitantes, número suficiente para superar a população total de um país como o Uruguai (3,4 milhões de habitantes). Mas enquanto o país vizinho vive um momento de intenso debate democrático – legalizando a comercialização estatal da maconha e o casamento gay –, a zona leste segue com inúmeros problemas sociais a serem resolvidos.
De acordo com censo realizado pela Prefeitura de São Paulo em 2008, a densidade demográfica da região leste atinge 18.222 habitantes por quilômetro quadrado em bairros como o Itaim Paulista (no Uruguai esse índice beira 20 hab/km²). No tocante ao rendimento, mais de 20% da população de bairros como Guaianazes e Cidade Tiradentes possui renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo.
É nesse contexto que o seminário “Educação como Desenvolvimento Local”, realizado na última sexta-feira (30/8) no campus leste da Universidade de São Paulo (USP Leste), reuniu cerca de 200 participantes – entre professores, alunos e diretores das escolas da região, pesquisadores e membros de organizações da sociedade civil – para discutir o papel da educação no desenvolvimento e na implementação de melhorias nos equipamentos públicos locais.
Ações prioritárias
Desde o início, os organizadores afirmaram que o seminário não pretendia diagnosticar problemas, mas sim discutir ações pertinentes às suas soluções. Divididos em 12 grupos de trabalho, os participantes deveriam formular propostas para temas como transporte, comunicação, economia local, saúde e gestão escolar.
Segundo o professor da Faculdade de Educação da USP e um dos organizadores do seminário, Elie Ghanem, o resultado será apresentado ao poder público, “como um sinal de que aqui foram debatidas e produzidas ideias e proposições para o desenvolvimento da zona leste. É uma perspectiva que me parece adequada a uma ideia de democracia”, declarou.
Falta de investimentos
Dos 96 distritos existentes em São Paulo, 32 (ou um terço do total) se encontram na zona leste. Entretanto, quando o assunto é investimento, a região não é prioridade da prefeitura. Com mais de 35% dos habitantes da cidade, a zona leste oferece 575 mil postos de trabalho (ou 14,5% do total de São Paulo) e, ao contrário do que pretende o poder público, poucas empresas conseguem incentivos fiscais para se instalar na região. Enquanto o Itaquerão, novo estádio do Corinthians, obteve isenção fiscal de R$420 milhões, em oito anos apenas cinco empresas obtiveram pouco mais de R$ 1 milhão em incentivos.
Marina Dugueira, educadora social presente no evento, afirmou que numa realidade como aquela, os conceitos de economia solidária devem ser ensinados desde cedo nas escolas. “Precisamos criar um modelo que desenvolva a economia de forma satisfatória para que todos tenham uma vida digna e possam expressar o próprio potencial.”
As dificuldades econômicas impactam diretamente a educação. Distritos como Iguatemi e Lajeado, situados na zona leste, têm um dos menores índices de escolaridade da população (5,8 e 5,9 anos, respectivamente). As taxas de alfabetização também são as menores da cidade, atingindo 92% nesses bairros. Para tentar resolver a deficiência, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou que sete dos dez novos CEUs (Centro Educacional Unificado) serão construídos na zona leste.
“A zona leste tem um histórico muito grande de mobilização popular. O seminário serve como contraponto ao governo”, avalia Thais Bernardes, da Ação Educativa. Para ela, a realização do evento no campus leste da USP também serve para aproximar a universidade das comunidades. “A USP Leste tem pouquíssima integração com a região. Os professores e estudantes da zona leste não conhecem a universidade.”
Mobilização
Entre as ações prioritárias escolhidas pelos participantes está a criação de uma agência de comunicação da zona leste; a necessidade de dar mais autonomia e maior orçamento às subprefeituras; a criação de um comitê de sustentabilidade; a articulação das universidades com escolas públicas de educação básica para produção de conhecimento; e o fortalecimento da relação entre escola e família.
“Ter ações mais concretas facilita a continuidade de mobilização das pessoas ligadas à educação. Se não houver pessoas que façam isso, alguém vai fazer por nós, e muitas vezes isso vem de cima para baixo”, reflete Bernardes.
Eu queria poder ir para aprender,ler muitos livros de escritores famosos. Pena que não
ResponderExcluirtem mais pessoas muito interessadas pela leitura.
E isso deixa os escritores muito tristes.
NOME Robson e Julio 7a.
Querido Robson, o interesse pela leitura deve surgir a partir de cada um de nós, na nossa escola há um grande incentivo para que todos possam ler, temos projetos maravilhosos de leitura, procure mais informações com seus professores e coordenação, Vamos nos tornar uma Comunidade de Leitores! Participe... Abraços
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