A maior seca da Bahia nos últimos 47 anos atingiu em cheio a mais tradicional festa do interior do Estado: o São João. Até o começo da manhã desta quinta-feira (10), 12 municípios haviam cancelado toda a programação junina e quatro tinham reduzido os dias de comemoração. Depois do Carnaval, o São João é a maior festa da Bahia. Em grande parte das cidades do interior, os festejos juninos atraem mais turistas do que a folia de Momo.
Há poucos dias, o TCM (Tribunal de Contas dos Municípios) recomendou que os prefeitos das cidades castigadas pela seca evitassem despesas com os festejos. O Ministério Público também anunciou que vai fiscalizar os gastos efetuados pelas prefeituras durante o período junino. “Os responsáveis têm que provar que os valores desembolsados com a infraestrutura e contratação de artistas não prejudicam as ações de combate à seca”, afirmou a promotora Rita Tourinho.
As sugestões do TCM e do Ministério Público, no entanto, não foram bem recebidas por muitos administradores, que veem no São João uma grande oportunidade para conquistar simpatia e votos. “Não posso cancelar uma festa que é conhecida em todo o Brasil. Para nós, festa não é somente diversão, mas, também, negócio”, afirmou o prefeito de Amargosa, Valmir Sampaio. Apesar de manter o São João, o prefeito reduziu a sua duração de dez para quatro dias.
Em Mucugê, município localizado na Chapada Diamantina, a prefeitura recorreu à tradição para justificar a manutenção da festa, apesar de a longa estiagem ter provocado grandes prejuízos na pecuária e produção agrícola. “Nosso São João tem mais de um século e não podemos cancelar de uma hora para outra um evento que atrai muitos turistas à cidade e movimenta a nossa economia”, disse Euvaldo Junior, secretário de Turismo.
Em Senhor do Bonfim, o prefeito Paulo Machado adotou uma medida intermediária, ao reduzir a programação da festa de cinco para três dias. “Com essa medida, vamos economizar R$ 400 mil”, disse o prefeito. Ao mesmo tempo em que confirmou a manutenção da festa, a prefeitura informou que haverá racionamento de água durante o período junino.
De acordo com a UPB (União dos Municípios da Bahia), as prefeituras de Muquém do São Francisco, Várzea Nova, Tapiramutá, Filadélfia, Miguel Calmon, Barrocas, Tucano, Nova Fátima, Caem, Mundo Novo, Serrolândia e Mirante desistiram de realizar o São João.
Das 417 cidades da Bahia, 220 decretaram estado de emergência em consequência da seca e, até agora, 209 solicitações foram homologadas pelo governo estadual. Em Uauá, uma das cidades mais atingidas pela seca, a prefeitura anunciou a realização de uma audiência pública para saber se os principais segmentos da população são favoráveis à realização da festa ou se pretendem cancelar o evento.
No ano passado, o governo investiu cerca de R$ 5 milhões na festa, apoiando cerca de 100 municípios (com cotas que variaram de R$ 30 mil a R$ 100 mil).
Fonte: www.uol.com.br
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