domingo, 22 de abril de 2012

Projeto Leitura para a Cidadania - 1ª Ação de 2012

No dia 18 de abril, Dia Nacional do Livro, aconteceu na nossa escola a atividade Em todo canto se conta um conto, onde todos os alunos, professores e funcionários puderam escolher seu livro e realizar a leitura tranquilamente e de forma prazerosa, em um canto qualquer da escola. Foi uma ação pontual, mas por ter sido bem avaliada por todos, entrará na rotina de atividades da escola, nossa 2ª ação será o Ler é Bom D + onde todos os alunos terão a oportunidade de levar livros literários para casa e realizar a leitura compartilhada com seus familiares. Estamos só começando... para esse ano teremos muitas surpresas boas, aguardem!

Coordenação Pedagógica






Lançamento do Livro Educomunicação em Movimento


Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar lança livro de referência em sua área

     
Em 13 de abril, o Núcleo de Comunicação Comunitária (NCC) São Miguel no Ar, da Fundação Tide Setubal, lançou a publicação “Educomunicação em Movimento”, no auditório da Universidade Cruzeiro do Sul em São Miguel Paulista, zona leste da capital, com um debate sobre “A educomunicação e a relação com a comunidade”. O evento reuniu cerca de 300 pessoas. Entre os presentes, estavam alunos e professores de seis escolas públicas da região, integrantes da Rede Jovem Comunica, iniciativa conduzida pelo NCC, na qual os jovens produzem programas de rádio, notícias para blog e jornal impresso.
O livro (clique aqui e faça o download da publicação) registra os cinco anos da trajetória do NCC e inclui quatro manuais, com o passo a passo para a produção de rádio de rua, TV de rua, blog e jornal comunitário. “Com essa publicação, convidamos educadores e instituições a participarem de uma plataforma fascinante, que é a comunicação comunitária”, ressaltou José Luiz Adeve, o Cometa, coordenador do NCC. “Acreditamos que a comunicação pode contribuir para uma pedagogia da transformação social tão necessária na atualidade”, acrescentou.
Desejo de comunicar
Na abertura do debate, Maria Alice Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal, focou no potencial da educomunicação. “Projetos, como o do NCC, dão novos significados à leitura e à escrita aos jovens, permitem a expressão de ideias e novas interações entre alunos e professores. Mas, sobretudo, essas ações possibilitam que os jovens sejam vistos como protagonistas em suas comunidades”, salientou.
Na sequência, Cometa contou que a ideia de criar o jornal A Voz do Jardim Lapenna, produzido pelo NCC, foi dos próprios jovens que frequentavam a formação do NCC nos primeiros anos do projeto. Os educandos tinham o desejo de falar sobre e para sua comunidade. No início, houve certa resistência dos moradores em acolher a ideia. Hoje, eles já participam do processo e sempre perguntam pela próxima edição. “Entrelaçando comunidade, escola e território, promovemos uma rica troca de saberes”, disse o coordenador do NCC.
Ana Pennido, jornalista e fundadora da Cipó Comunicação Interativa, comentou que, por meio da educomunicação, os jovens descobrem um novo papel na comunidade. “Eles passam a usar essa ferramenta para defender causas em que acreditam e provocar mudanças no entorno.” Carlos Alberto de Lima, coordenador do programa Nas Ondas do Rádio, que prevê a educomunicação como ação de política pública da cidade de São Paulo, enfatizou a importância dos jovens serem questionadores e protagonistas de suas histórias. “Vocês têm a oportunidade de fazer a diferença”, disse aos estudantes presentes na plateia. 
No fim do debate, a professora Sandra Alves, da escola municipal Shinquichi Agari, representando os educadores da Rede Jovem Comunica, subiu ao palco e recebeu das mãos de Cometa um exemplar da publicação, como um reconhecimento e agradecimento a todos os parceiros do NCC. Confira, a seguir, depoimentos de participantes de ações do NCC.
Depoimento de participantes das ações do NCC São Miguel no Ar

“A Rede Jovem Comunica foi um presente para nossa escola. Já tínhamos uma rádio, que foi fortalecida com a formação que o projeto trouxe aos alunos. A iniciativa também contribuiu para a mudança de visão dos estudantes sobre a escola. Hoje, observo que são mais responsáveis, comprometidos e questionadores. Sabem que o conhecimento de sala de aula será aplicado na prática social.”
Sandra Alves, professora de Língua Portuguesa da EMEF Shinquichi Agari


“Participei durante dois anos da formação do NCC no Galpão de Cultura e Cidadania, no Jardim Lapenna. Lá, começamos um processo de sensibilizar os moradores para lutar por melhorias para o bairro, por meio do jornal, da rádio e da TV de rua. Um dos avanços foi a coleta de lixo com caminhão porta a porta na travessa Berigan. Tudo o que aprendi no NCC tem um grande significado na minha vida pessoal e profissional.”
Maikelly Santos Burgues, 21 anos, ex-educanda do NCC e agente comunitária do Programa Saúde da Família do Jardim Lapenna


“Aprendemos muitas coisas legais nos encontros do Rede Jovem Comunica. No ano passado, por exemplo, criamos um vídeo sobre bullying e realizamos várias entrevistas”.
Gabriel Henrique Chagas Roberto da Silva, 12 anos, aluno da 6° serie da EEEF Shinquichi Agari


“No projeto Rede Jovem Comunica, descobri capacidades que não imaginava ter. Trabalhei com rádio, fiz entrevistas, aprendi a separar pautas. Além disso, acho que fiquei menos tímida. Os encontros ajudam os estudantes a se desenvolver bastante”.
Vitória Gomes de Queiros, 11 anos, 6° série, da EMEF Dr. José Pedro Leite Cordeiro


“Os alunos do projeto são muito engajados e participativos dentro da sala de aula também, algo não muito comum, infelizmente, nas escolas de um modo geral. Com as atividades da Rede Jovem Comunica, eles têm a possibilidade de perceber que a história não se resume a datas e nomes, mas que acontece em nosso bairro, em nosso dia a dia.”

Vera Lúcia Azevedo Agra Moraes, professora de História, da EMEF José Honório Rodrigues


Fonte: fundacaotidesetubal.org.br










Exposição Arte e Ciência na Escola

No dia 02 de abril aconteceu em nossa escola a II Exposição Arte e Ciência na Escola, evento realizado pelo Instituto de Física da USP e CPNQ, Coordenado pelo professor Dr. Mikiya Muramatsu com a participação dos alunos de mestrado de Física, Biologia e Ciências da Natureza da USP São Paulo e USP Leste, como aconteceu no primeiro evento, esse também foi um sucesso, alunos,  professores e funcionários da escola puderam interagir e aprender muitas coisas novas com os experimentos e explicações oferecidas pelo grupo. Mais uma vez muito obrigada e voltem sempre!

Coordenação Pedagógica









sábado, 14 de abril de 2012

Crônica do cotidiano no Jd. Lapenna - Escrita pelo Cometa

Compartilho esses momentos ao lado de Dona Antonia com vcs...



Enquanto isso em São Miguel - Jd. lapenna...


Encontrar Dona Antonia, mãe de Flávia e Flaviane, jovens que conhecemos no Galpão de Cultura e Cidadania, avó também da menina Eduarda, é sempre um aprendizado.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011





A sabedoria de Dona Antonia sobre os jovens e a vida


"O ser humano sabe que há outros seres que a ele se assemelham e aos quais poderá comunicar os sentimentos que experimenta, desde que os situe nas circunstâncias às quais deve suas penas e seus prazeres. Assim que ele conhece o que o comoveu, ele pode se exercitar e comover os outros, se estuda a escolha e o emprego dos meios de comunicação. É uma língua que ele deve aprender”.

Jacques Ranciére




Manhã de sol. O córrego do Lapenna exala o cheiro do extrato da cidade. Em meio aos efluentes advindos das indústrias que margeiam o Tietê, desde um pouco depois de Salesópolis, Mogi das Cruzes e, ao adentrar São Paulo, apesar da sinuosidade nem parece rio, somente na literatura e seus jogos de aliteração poética insistem em trazer à memória do narrador que se trata de um rio; pássaro Tiê, Tiê, mais Anhembi, Anhembi, água, água, numa quase melodia provoca outros sentidos e busca a afetividade e o entrelaçamento desse tecido vivo de histórias diversas e identidades.

Dentro desse espaço geográfico, Dona Antonia surge na viela que une a rua Almiro dos Reis com a Travessa Berigan. Passagem estreita, é verdade, mas como ela bem diz: “estreito também é o caminho desse mundão – cidade e a gente se espreme para poder atravessar esse mar Morto” – proclama Dona Antonia com o evangelho debaixo do braço, num desabafo misturado com oração. Como narrador nesse espaço de ler e ouvir, vivo, nesses últimos dias, com meus parceiros dessa lida de pensar, fazer, educar e ser educado, a definição de prioridades e impactos desejados, do que julgamos ser melhor para essa gente ribeirinha por necessidade, que vive as vulnerabilidades, sem ter condições de olhar com tempo e nem com todo o aprofundamento necessário para o que vive.

Sim, estive recentemente lá pelas bandas do Pacaembu, onde ouvi os pássaros a anunciar a chuva e imaginar pacas bebendo no rio, ou melhor, no veio d’água escondido debaixo do asfalto em que passam carros e nos dias de jogos passa torcida organizada, percebo que nossas asas estão livres para voar, porém nossos vôos precisam ser mais dirigidos, mais curtos, assim temos mais tempo para partilhar e convencer outros a aprender e voar nas rotas inerentes à nossa missão de voar e fazer voar e pensar numa nova forma de viver junto... Um sabiá solta o seu canto. Dona Antonia me convida, agora por aqui no Lapenna, para um café. Ela tem pela gente do Galpão um grande apreço. É que Flaviane e Flávia passaram dois anos no Galpão de Cultura e Cidadania juntamente com outros jovens e isso segundo ela fez muita diferença na vida delas. Dona Antonia diz que deveria existir muitos outros Galpões por ai.

“Essas meninas já estão no meio da travessia desse mundão que é essa cidade, estudando e trabalhando e pensando nos outros, em fazer o bem, isso é tão raro se ver”, não é verdade?” – indaga Dona Antonia coando o café. “O senhor vê, essa cidade côa as gentes. Olha aqui embaixo o que passou. O pó fica todo enlameado no coador, a sobra, sobrou e a gente joga esse borrão fora” – metaforiza Dona Antonia.

Aos poucos percebo, até no silêncio que se faz para saborear o café, que muitas vezes corremos o risco de fazer leituras enviesadas sobre o lugar. Leituras que, na tentativa de definir conceitos ou até mesmo um panorama social, só conhecemos efetivamente quando vivemos a experiência de uma escuta livre sobre as relações, formas e modos de viver nessas terras ribeirinhas, ou em tantos outros lugares, onde o rio é asfalto, e o asfalto é rio, nos morros, enfim, cada qual com identidades e singularidades coletivas e individuais.


Dona Antonia diz que perdeu o marido. A casa pequena, porém organizada, na porta uma mureta – barragem que impede um desconforto maior nos dias de “chuvarada das danada, em que até Arcanjo Miguel abre o guarda-chuva”, como lembra Dona Antonia da frase da católica Dona Glória. “Todo mundo fica igual, seja crente, seja católico, com água até a cintura. Deus quase desaparece e a gente vê refletida nossa esperança, nas águas que Deus tratou de mandar” – profetiza Dona Antonia.

Indago sobre o que prejudica a vida dos jovens, o que os enfraquecem e ela responde: “não o jovem não é fraco, ele é levado. Olha, lá no rio São Francisco, quem leva o jovem ou a jovem é mãe d’água, só que de outro jeito, outra história, outros significados, apesar de que lá tem muita miséria. Aqui parece com enchente de ambição. Não podem ver essas coisas, tranqueiras de usar, vestir e divertir, que já sai querendo tudo, sem às vezes ter necessidade.


Mas e nós Dona Antonia, os adultos?

- Nós adultos também não agimos diferente, não paramos de querer mais, fazemos tanto lixo, desperdiçamos tanto. Acho que nós criamos um cobreiro na pele do mundo, que já entrou nos órgãos da terra. Precisamos ter consciência, curar as feridas e parar de ferir. Como consumimos sem consciência!

Claro – profere Dona Antonia, 57 anos, moradora do Jardim Lapenna – que o jovem daqui sabe diferenciar e tem sabedoria para escolher, mas essa febre de ser aquilo que dizem para que todos sejam. Comer essas tranqueiras que estão na televisão, se vestir igual com esses tecidos de petróleo... Parece uma enchente que leva em suas águas a juventude, sobretudo os mais pobres, a muitas vezes afundar ou se perder nessas profundezas de tudo igual, fica sem o que a pessoa é, entra no enxame, só para dizer que ta dentro, mas nem sabe o que tá fazendo dentro.”

Entre alguns “uais”, interjeições e palavreado mineiro, Dona Antonia olha para a bíblia sorrateiramente e, após pigarrear, compondo experiência com propriedade, se refere à escola do lugar como muito distante dos jovens, como ela diz “parece que a escola está em outra vila”.

“Os jovens não estão na escola e nem na comunidade, aqui do lugar. Eu sei que eles podem estar em tantos lugares como coisas da internet, telefone sem fio e outros transporte de som e luz, conheci isso quando fiz um curso no Galpão sobre a comunicação, mas eles, os jovens, têm que estar aqui também, sabe, lutando e ajudando pelas melhorias da escola e do lugar. Afinal, tudo é uma coisa só. Uai, a casa não está na rua do bairro, junto com a escola que está aqui na Vila, e a Vila, as ruas, a casa não estão dentro da cidade, e a cidade não está dentro do estado, e daí dentro do país, da América, do mundo?... Ai que saudade de Minhas Gerais” – lembra Dona Antonia.

“Sabe quando vejo as escolas reunidas no Galpão, as crianças e os professores lendo, os jovens e os adultos cantando, tocando instrumentos, as meninas filmando, penso, olha só, ai tem um caminho. Minhas filhas trabalhando, escrevem bem, aprenderam tanta coisa, só vendo. Acho que é possível mudar, foi que você perguntou, não foi, Cometa?”

- Foi sim Dona Antonia, aprendi muito. Nossa ! preciso voltar para o Galpão. Vamos prosear mais num outro dia?

- Claro, casa de mineiro - paulista sempre ta aberta. Ah, vem ver, antes de ir embora a Eduarda, filha de Flávia, ela está linda.

José Luiz Adeve - Cometa