Olá Pessoas, Parceiros, Parceiras dessa roda
As manhãs no Galpão são também compostas de visitas espontâneas, gente que apesar de já ser da casa, faz questão de um prosear novo, cumpliciade das descobertas, seja da lida dos intrumentos arteculturalizados, criança leitura, criança dança, criança vozes, criança jornal, adulto livro, as famílias... Jovens em um espaço de descobrir e sentir, turma do Eja no letramento da vida, garotos e garotas a comunicarem seus desejos e visões, educadores de tantos cantos e causos, enfim um múltiplo ponteio nesse outono, nesse nosso dia a dia de pensar e fazer junto...Chegamos a nós mesmos pelo outro, sem nunca parar em nós...Muitas vezes ficamos tristes, parece q tudo se esvai, tudo por um quase não - acontecer, há muitos desafios em cada esquina, curva, casa, beco, barraco, córrego, mas o ponteio continua e a viola da alma é reafinada. Aprendemos a aprender sempre.
Cometa (Coordenador do Núcleo de Comunicação São Miguel no Ar)
Ponteio de três mundos e um Galpão
Numa terça – feira, manhã de verão, na várzea paulistana do Tietê,
adentram, cada qual num tempo, a sala de um Galpão rizomático,
onde coletivamente desenvolvem-se ações arte – comunicacionais,
para fazer valer um processo no qual acreditamos
que sua finalidade é contribuir para o entendimento mútuo no mundo social,
numa constante espécie de pedagogia da interação
nesses novos tempos – espaços de experiências perceptivas,
para que as pessoas, a gente possa distinguir
problemas do mundo objetivo
e problemas do mundo social.
Sim, os três mundos,
objetivo, social e subjetivo,
numa manhã, fundem-se.
A viola e o fazedor de instr umento
contam “causo” verdadeiro
do encontro com o jacarandá
e, para o auscultador, eterno aprendiz,
ali está o mundo objetivo.
Senhor José Antonio Pereira
com seu imaginário “entre – laçante”
de cordas, bojo, trastes, tampo e tarraxas,
numa arquitetura vital de viola – vida
e de vida – viola, diante da oikonomia tolerante
criada além do pai, para o filho e o espírito santo,
que por “crença de acreditar” na boa aventurança material,
ao longo dos séculos deixou de potencializar o imaterial
como o bendito fruto simbólico como a certeza mais certa.
Mas o ponteio de José Antonio em cordas de verão,
esse tilintar ressoa na alma e pode ser amplificado
nas paisagens pós- urbanas, pós- humanas,
e provoca emotividade, nesse “ artesanar - josé”
e seu consequente ponteio, fusão harmônica
de sentido e verdade, evidente concepção de realidade,
compondo um contraponto do agora – acorde e seus harmônicos a ultrapassar as paredes
e se misturarem aos sons dos pássaros e das obras para harmonizar o lugar,
lugar de fio tênue entre o bem e o mal, ambos resultados de movimentos, uma espécie
de meta – sócio – geografia enquanto ação comunicativa, a partir da interação
do momentâneo auscultador e, ao mesmo tempo resistimos
a um pragmatismo formal com suas probabilidades
de produzir uma falsa semântica da verdade.
Ainda dentro da sala com potencialidades para metassensibilidades
o senhor Cláudio com sua arte vindo da rua
quebra poeticamente a racionalidade
e a continuidade compreendida
pela fronteirização citadina,
entre muros, entre medos,
entre vilas, ele relata
descobertas, fontes
de memória viva,
intersubjetividades
que se alimentam
de um com – sentir,
compartilhar e de um somar
de evidência imaterial e material,
pois Sr. Cláudio, além de poeta trabalha
na obra de um coletor, ou seja, uma rede
com seus desdobramentos, conexões com casas,
gentes, portanto também simboliza o mundo social.
Claro, caro leitor, que o auscultador,
nesse momento redator, cria seus códigos,
símbolos e signos, pois existe o desejo
de que esses encontros casuais ou não,
alimentem e fortaleçam suas convicções
de que ações / momentos arte – comunicativos
levem a um pensar – re – pensar, ampliar,
descobrir caminhos, vias, fluxos, até mes mo
patologias de comunicação que podem,
é claro, provocar também confusões
entre as estratégias pensadas
por poucos enquanto
intenção de estímulo
à emancipação,
à legitimidade
descobertas,
sentimentos,
sentidos a revelar a riqueza da descontinuidade e surpreendentes respostas
desse “terceiro mundo das reivindicações da verdade”,
o mundo subjetivo - da personalidade
também componente "da insistente
definição de racionalidade
que necessita ser desafiada
pelo pensamento da complexidade
e suas diferentes declinações de totalidade
a viver a linguagem de nossa esperança, nossa vocação e de nossa coragem". - (trecho em itálico Edgard Morin)